10 de julho de 2013

#8 - Relação Parental

Beatriz, 31 anos disse:

Fui mãe aos dezassete anos. Foi muito cedo, mas as circunstâncias não foram más. Pelo contrário. No decorrer dos anos verifico que ainda sou feliz com o mesmo homem (que na altura era um rapaz de dezoito anos). Contudo, pensei que o facto de ser mãe tão nova iria facilitar a relação com a minha filha. Não podia estar mais equivocada. Ela está agora a fazer quatorze anos e eu não consigo lidar com o feitio aguçado dela. Não parece a mesma rapariga que à uns meses atrás era querida e dedicada. Agora está sempre enfiada no quarto a falar ao telemóvel ou no computador. Para além disso, deixou as notas descer um pouco e não quer passar tempo comigo quando estou mais folgada em casa. Sei que esta fase é normal, mas durante quanto tempo vou conseguir aguentar sem explodir? Não quero ser a má da fita (nem o meu marido), mas de momento não encontro outra solução. Temo que a certo ponto comece a colocá-la de castigo. Haverá outra solução possível?


Other Way Out aconselha:

Olá, Beatriz. Estamos muito gratos que tenhas partilhado um pouco da tua história connosco, assim como é bom saber que te encontras feliz com o teu parceiro/pai da tua filha e com a tua filha.
Um passo importante a dar (e que já o fizeste), tendo em conta a tua situação, é compreender que esta fase que a tua filha está a passar é temporária e, inclusive, muito normal. Contudo, isso não é motivo para descurar a atenção e preocupação sobre ela, mas também não é, igualmente, motivo para a sobrecarregar e/ou pressionar. Isto é, há alturas em que deves utilizar uma abordagem mais descontraída e outras em que deves ter mais atenta. Para começar, porque não tens compreender a fonte da alteração da sua típica personalidade? Poderá haver uma causa forte para tal, da qual não tenhas conhecimento - podes tentar conversar calmamente com ela, e mostrar-lhe que ela pode contar contigo. Se houver uma forte relação de confiança entre vós, ela acabará por falar de um modo mais aberto - para tal, pode ser necessário que a relembres que podem confiar uma na outra, especialmente nesta fase de mudança. Não te esqueças que, apesar das alterações, ela é tua filha e, como tal, a conheces muito bem, pelo que só tu sabes qual é a melhor forma de a abordar.
Outro aspecto que referes é que a tua filha está muitas vezes ligada ao nível de telecomunicações. Não haverá, também aí, um motivo especial para tal? Na idade em que está é perfeitamente normal começar a ter novas amizades e novos interesses, e isso pode levá-la a querer estar mais comunicável. No entanto, podes, mais uma vez, tentar conversar com ela e mostrar-lhe que há alturas para tudo, e quando se está com a família, deve evitar-se essa ausência da parte dela. Se estabelecerem regras consentidas e com um significado específico, a tua filha irá compreender e aceitar muito melhor.
Relativamente ao facto das suas notas terem descido, deves ter em consciência que tal pode não ser uma consequência directa da mudança de atitude da tua filha. Um exemplo prático é que as disciplinas e/ou matérias podem ter sido mais complicadas num determinado período ou ela pode estar com algum problema que não quer e/ou não consegue dar a conhecer. Mais uma vez, torna-se muito relevante teres conversa muito aberta com ela. Mostra-lhe que não queres julgar a situação sem ouvir as suas justificações, assim como deves mostrar que estás interessada em arranjar soluções juntas, e que é tudo para o seu bem. Podes e deves também falar com os professores para perceber quais as suas maiores dificuldades e em que circunstâncias as notas dela baixaram.
Não tens de ser, necessariamente, a má da fita (nem o teu marido). Como podes ver há outras possibilidades, mas todas elas se baseiam numa conversa calma, pois é um factor essencial em qualquer relação. Se ela não demonstra interesse em passar mais tempo contigo quando estão em casa, porque não procuras sair com ela? Irem juntas a um lugar que agrade a ambas? E talvez aí conversem melhor. Deste modo, estarás a criar um novo ambiente, mais saudável. A tua filha será sempre a tua menina, mas ela está e continuará a crescer - passando por várias situações novas - e precisará de muito apoio - mesmo que não o demonstre. Cabe a ti procurares os vossos pontos em comum. Verás que assim a vossa relação será melhor, e não será preciso recorrer ao castigo.
Não achas que é possível que para ela também não esteja a ser a fase mais fácil? Ou até mesmo que ela possa não ter noção que está com um feitio, como referiste, aguçado? Tudo isso é possível - procura ver melhor as circunstâncias em que as alterações se dão.
Para finalizar, relembra-te que são momentos passageiros, e no fundo, ela ainda tem muito a aprender e/ou conhecer. Junta-te a ela, e confia nela. Uma boa dica são sempre momentos de qualidade com a família - fazem sempre bem a todos - e dá-vos uma oportunidade para estarem em paz, em união.

A comunidade OWO deseja-te boa sorte, assim como espera ter conseguido ajudar-te no melhor possível. Obrigada pela tua questão!

#8 - Já estiveste numa situação idêntica? Como mãe? Como filho/a? Conta-nos! :)

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